terça-feira, 15 de novembro de 2016

686. LISBOA: Sem-abrigo vão contar com consultas dentárias

As cerca de 800 pessoas que vivem na rua e que recebem apoio da Câmara Municipal de Lisboa vão passar a contar com cuidados de saúde oral. Numa primeira fase, irá ser feito um rastreio, para posteriormente serem realizadas as intervenções dentárias necessárias.
Para a concretização do programa ‘Sorrir não Custa’, foi esta quinta-feira assinado, na Câmara Municipal de Lisboa, um protocolo entre a autarquia e o responsável pelo projeto. "O programa deverá arrancar ainda este mês", referiu Mário Almeida, responsável pelo Programa Municipal para a Pessoa Sem-Abrigo. O objetivo é consultar toda a população sem-abrigo da capital.
Paulo Varela, médico dentista e diretor clínico do ‘Sorrir não Custa’, referiu que "muitas pessoas queixam-se de que não vão a entrevistas de emprego por não terem os dentes em condições". Para inverter esta situação, o projeto visa "identificar as pessoas que precisam de ajuda, educá-las a nível da higiene oral e tratá-las através de implantes dentários, sempre que possível".
No sentido de chegar junto de toda a população sem-abrigo da capital, o projeto irá contar com o apoio do Núcleo de Planeamento e Intervenção Sem-Abrigo (NPISA) de Lisboa, num trabalho articulado com as equipas técnicas de rua, explicou o coordenador do núcleo, João Marrano.
O vereador dos Direitos Sociais da autarquia, João Afonso, referiu que não existe uma data para a conclusão do programa. "A Câmara vai ser um facilitador para implementar este programa, que não terá custos para o município", frisou.
Correio da Manhã

quarta-feira, 2 de novembro de 2016

685. Médicos dentistas do SNS “sem condições para atender todos” em lista de espera

Centenas de milhares de utentes portugueses encontram-se em lista de espera para consulta de Medicina Dentária através do Serviço Nacional de Saúde, que conta com apenas 58 médicos dentistas para a totalidade dos atendimentos. Os profissionais reuniram este sábado em Aveiro, no 1º Encontro Nacional de Medicina Dentária do SNS, para debater prioridades no atendimento.
O debate fez parte de uma iniciativa do Ministério da Saúde teve como objetivo reunir vários médicos dentistas que exercem no SNS, a fim de analisar as condições de trabalho, as formas de acesso à consulta por parte dos utentes e a interligação entre os diferentes níveis de cuidados. “Procuramos criar um consenso relativamente ao tipo de utentes a quem se deve dar prioridade, porque, com os recursos que existem, não há condições para atender todos”, afirmou o membro da organização do evento, José Farias Bulhosa.
As dificuldades no acesso à consulta sentem-se por todo o país: no Baixo Vouga, por exemplo, há 380 mil utentes em lista de espera e em Lisboa, há médicos com 200 mil potenciais utentes a aguardar vez.
Relativamente aos profissionais, apenas existem 18 médicos-dentistas no continente, 11 na Madeira e 29 nos Açores, todos sem carreira clínica, uma vez que o Estado os considera técnicos superiores administrativos.
“A dimensão da solicitação da patologia oral não é um tipo de consulta em que é feita pela primeira vez, e se dá alta ao doente. Às vezes, é necessário o agendamento de várias consultas para o tratar, mas não podemos dizer-lhe para vir passados cinco anos, porque a lista é bastante grande”, explicou José Bulhosa.
Muitos dos utentes que esperam vez no SNS são pessoas com fragilidade económica para aceder aos cuidados privados. Apesar de haver equipamentos, estes encontram-se parados ou subutilizados por não abrirem vagas para os profissionais.
Os médicos dentistas reconhecem a atenção dada ao assunto por parte do Governo. Contudo, procuram evitar falhas já assinaladas a nível dos projetos-piloto anunciados para o Alentejo e Vale do Tejo. Para tal, pretendem que haja uma coordenação nacional e regional exercida por pessoas que tenham sensibilidade para a Medicina Dentária, preferencialmente formadas na área, a fim de chegar às realidades distintas de cada serviço.
Na passada semana, o bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas, Orlando Monteiro da Silva, já tinha apelado à abertura de vagas dentro do serviço público: “Num país com tantas carências no acesso à saúde oral, era de particular bom senso aproveitar os médicos dentistas no subemprego, e colocá-los a servir a população mais necessitada, no âmbito do SNS.”
Monteiro da Silva falou a propósito do documento “Números da Ordem 2016”, que comprovou um aumento de 4,6% no número de profissionais inscritos na Ordem, um crescimento considerado muito acima das necessidades do país e da recomendação da OMS de um médico dentista por cada dois mil habitantes”.